Uma palavra acerca da força do pigmento
Existe um conceito errado comum de que a força do pigmento é a única referência para se fazer uma boa cor. Mas essa ideia é demasiada simplista. Uma elevada força do pigmento é importante, mas demasiado pigmento pode tornar a tinta impossível de se utilizar.
Por exemplo, um tubo cheio de pigmento de ftalocianina originaria uma tinta com demasiada força de entintagem, anulando o poder de qualquer cor com a qual fosse misturado. Por outro lado, alguns pigmentos são naturalmente fracos em força de tintagem. A formulação da “Terra Verde” (Terre Verte), por exemplo, apresenta uma carga de pigmento superior (ou concentração dentro do tubo), embora, devido à estrutura física do pigmento, a tinta seja fraca em força de entintagem.
Pode ser difícil trabalhar com gamas de tintas que se anunciam ser apenas “pigmento e óleo”; provavelmente serão filamentosas, pegajosas, sem brilho e, por vezes, instáveis. Cada uma destas características dificulta a constituição de uma película de tinta adequada.
Apesar de as tintas a óleo extra finas serem essencialmente “pigmentos e óleo”, é o tipo e a qualidade de cada uma delas, a formulação e o uso limitado de aditivos de correção, a maquinaria utilizada e as pessoas com uma longa experiência que podem garantir que cada pigmento se desenvolve numa tinta estável e duradoura.
Esse equilíbrio se resume em todas as características (incluindo a força dos pigmentos) necessárias para fabricar tintas que permitam o máximo de liberdade artística e um controle preciso. E, tendo em conta todas as variáveis, as tintas geralmente demonstram possuir a mais elevada força de pigmentação.
Cores de um só pigmento
Como princípio dominante, nas gamas utilizam-se sempre que possível cores de um só pigmento. A qualidade das tintas fabricadas com um só pigmento é significativamente superior à das que são fabricadas com pigmentos misturados ou múltiplos.
Em combinação com a força da cor, os pigmentos únicos proporcionam uma extensa gama de cores e permitem misturas mais limpas e claras com uma possibilidade infinita de tonalidades. Isto é particularmente importante para os verdes, os violetas e os laranjas.
A utilização de pigmentos individuais na formulação destas cores secundárias alarga consideravelmente o espectro disponível para o pintor.
Pigmentos de substituição de tons (hues)
O maior fator para o preço das melhores tintas a óleo para artistas é o custo do pigmento. Cádmios, cobaltos e cerúleos, por exemplo, são cores cuja produção é dispendiosa. E para o artista que exige as características que apenas estes pigmentos proporcionam, nada mais servirá. Mas para o artista que exige cores que se misturem de um modo limpo e consistente, que necessita de um espectro completo (mas não necessariamente exagerado), e que deseja uma qualidade confiável, uma linha estúdio pode ser a melhor solução.
Essas cores incluem tintas designadas como “tonalidades” (por exemplo: Cadmium Red Hue, Cerulean Blue Hue e Cobalt Blue Hue). Tais cores são fabricadas com um pigmento alternativo para se aproximarem da cor original a um custo menor; a verdadeira diferença entre ambas está no seu desempenho.
Quando se compara o Vermelho de Cádmio genuíno (Cadmium Red) com a sua tonalidade correspondente (Cadmium Red Hue), vê-se que ambos são vermelhos vivos. Ambas são cores muito estáveis mas o cádmio é opaco, enquanto o substituto é transparente. A tonalidade não deve ser considerada de qualidade inferior.
Devido à sua transparência natural e às suas características de mistura, muitos pintores podem preferi-la à cor genuína! Nas gamas extra fina a palavra “tonalidade” (hue) é utilizada para indicar a utilização de um pigmento alternativo para substituir um pigmento original que, por qualquer motivo, já não está disponível.
Transparência versus opacidade
A estrutura física do pigmento determina se ele será opaco, semi-opaco ou transparente. Por exemplo, quando visualizados através de um microscópio, os pigmentos de ftalocianina pura aparecem translúcidos, como se fossem feitos de vitrais. Esta transparência característica torna a cor adequada para técnicas de velatura e para uma mistura de cores limpa.
Pelo contrário, um pigmento de cádmio é bastante denso e opaco, não permitindo praticamente a transmissão de luz. As cores naturalmente opacas são mais adequadas para aplicações que exigem o máximo poder de cobertura.
Com a experiência, o pintor pode aprender a tirar partido da opacidade ou da transparência naturais relativas das cores de qualidade, explorando as mesmas de modo a conseguir uma gama praticamente ilimitada de possibilidades. As cores de “tonalidades” (com a designação “hue”) foram formuladas com pigmentos alternativos numa tentativa de as aproximar da cor original a um custo menor.
Uma vez que cada pigmento é único, elas têm um desempenho diferente da cor original, proporcionando condições de trabalho que alguns pintores podem, efetivamente, preferir para aplicações específicas.
Na linha extra fina
Todas as tintas são classificadas quanto à sua transparência na tabela de cores. Números de série. O preço relativo de cada cor é indicado pelo número de série no exterior do tubo ou na literatura da gama.
Cada série é determinada sobretudo pelo custo do pigmento, sendo a Série 1 a menos dispendiosa e a Série 6 a de custo mais elevado. Os números de série não indicam a qualidade da cor, apenas o custo relativo do pigmento e da sua produção. Dependendo do modo como o pintor trabalha, uma cor de Série 1 pode ser a melhor escolha possível.